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     ATIVIDADE FÍSICA PARA O CORPO E A MENTE

    ATIVIDADE FÍSICA PARA O CORPO E A MENTE

    O ser humano está sempre em busca de melhores condições de vida e de ter o máximo de autonomia durante toda a vida. Há muito tempo já se fala sobre a importância da atividade física para o ser humano, pois sabemos que cérebro, corpo e mente funcionam de forma integrada, causando um grande impacto na saúde geral. Para melhorar o seu cérebro, é necessário que seu corpo seja melhorado, ou seja, atividade física e saúde estão relacionadas à prevenção de doenças, complementando um ao outro.

    Caspersen e Matthew (1985), dizem que quando um músculo produz qualquer movimento corporal gerando gasto de energia, dando a entender que se trata de atividade física. É fundamental que a prática da mesma seja realizada em qualquer idade, pois é considerada como uma forma eficaz de preservar e melhorar a saúde mental e corporal do indivíduo.

    Nahas (2006), defende que a atividade física é um tema complexo que tem atraído muitos estudiosos nas últimas décadas, isso porque é considerada como uma característica com dimensões sociais e biológicas específicas da espécie humana.

    De acordo com Franchi e Júnior (2005, p.4):

    A prática de atividade física também promove a melhora da composição corporal, a diminuição de dores articulares, o aumento da densidade mineral óssea, a melhora da utilização de glicose, a melhora do perfil lipídico, o aumento da capacidade aeróbia, a melhora de força e de flexibilidade, a diminuição da resistência vascular.

    Um estudo do Instituto Neurológico de São Paulo – INESP, nos mostra que a atividade física traz muitos benefícios ao cérebro, como prevenção de Acidente Vascular Cerebral (AVC); redução do risco de demências, dentre elas a doença de Alzheimer; aumento da motivação e consequentemente a melhora do humor, promovendo a neuroplasticidade, que é a produção de novos neurônios. Além disso, também temos os benefícios psicossociais, como diminuição da depressão e ansiedade, o retardo do envelhecimento do cérebro, que é aliado na prevenção de demências. Ao nos exercitarmos, o nosso cérebro produz hormônios naturais, liberados pelo corpo depois de uma atividade física, que diminuem a ansiedade, reduzem o estresse e melhoram o humor.

    As atividades físicas têm um valor significativo no retardo do processo de envelhecimento, colaborando também na melhora da força muscular e mobilidade, atuando como um auxílio para melhorar a qualidade de vida. Também auxiliam no tratamento de doenças crônicas e degenerativas (SILVA, 2020).

    A atividade física em toda sua importância, apresenta muitos benefícios relacionados à saúde, prevenindo o desenvolvimento de doenças crônicas e retardando o envelhecimento. O sedentarismo, inatividade física e os maus hábitos, são as principais causas de tantos problemas físicos que existem nos últimos tempos, aliados à péssima alimentação e inovações tecnológicas. (GUEDES, 2012).

    A falta de atividade física é sempre associada a doenças, morbidade e mortalidade, por esse motivo, deve-se conscientizar a população sobre os benefícios para o organismo, sendo eles cardiovascular, respiratório, musculares e principalmente mental. “A atividade física promove saúde”, já é uma afirmação predominante e aceita pela maioria da população, ainda mais quando a importância sobre sua prática é questionada, logo essa afirmação é fortalecida (DELLA FONTE; LOUREIRO, 2007). O prolongamento da inatividade física pode trazer efeitos prejudiciais ao organismo, por isso exercitar-se é uma das principais ferramentas para a manutenção da saúde.

    • DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS: DEMÊNCIAS E ALZHEIMER

    Doenças degenerativas são as que causam alterações nas células, tecidos e órgãos, ocasionando um comprometimento em sua atuação. No sistema nervoso provocam mudanças diretamente nos neurônios, implicando no mau funcionamento do cérebro e de suas funções quanto à movimentação corporal.

    Para Guimarães (2018), a Doença de Alzheimer é apenas mais uma das demências que envolve perda de memória prejudicial a vida diária, empobrecendo os julgamentos e a tomada de decisões, isso quer dizer que as tarefas do cotidiano são executadas com dificuldade e lentidão, devido à falta de concentração e do estado cognitivo em decadência.

    O cérebro humano adulto saudável possui por volta de cem bilhões de neurônios, que por meio de várias conexões entre si, formam cerca de cem trilhões de sinapses. Essa característica de rede permite a geração, o estabelecimento e o funcionamento dos processos cognitivos como atenção, memória, linguagem, pensamento, aprendizagem, percepção, etc. Dessa maneira, histopatologicamente, há perda sináptica significativa e morte neuronal capazes de inviabilizar o funcionamento cortical (GUIMARÃES et. al., 2018, p. 8).

    Segundo Aprahamian et. al. (2009), o processo de envelhecimento pode causar inúmeros tipos de doenças, dentre elas estão as demências, que são caracterizadas doenças crônico degenerativas, onde estas alteram as capacidades físicas, mentais e psicológicas do indivíduo.

    Gonçalves e Outeiro (2012), postulam que dependendo da zona cerebral afetada, deficiências cognitivas podem evoluir em demência a médio ou longo prazo, incluindo perdas de memória ou até perda de identidade.

    A demência é considerada uma síndrome que possui característica de declínio inconsciente das funções cognitivas, mas que são suficientes para influenciar nas atividades cotidianas sociais e ocupacionais do indivíduo (ABREU et. al., 2005).

    As demências podem ser classificadas em primárias ou secundárias, sendo que as primárias podem ainda ser subdivididas de acordo com o seu local de aparecimento. As demências primárias são aquelas em que as funções cerebrais se degradam lenta e gradualmente, acabando por se perder irreversivelmente. Exemplo disso são a demência de Alzheimer e Parkinson. As demências secundárias ocorrem quando a degradação das aptidões mentais surge como consequência de uma outra doença orgânica, tal como uma lesão cerebral, um tumor cerebral ou uma doença cardiovascular, sendo que algumas delas podem frequentemente ser reversíveis (PINHO, 2009).

    A doença de Alzheimer é uma doença degenerativa do sistema nervoso, que afeta o cérebro diretamente. O tratamento desse mal pode ser bastante difícil, pois na maioria das vezes, a detecção dessa doença é tardia, assim, muitos danos já terão acontecido no cérebro, como degeneração ou morte de neurônios. Esses danos comprometem a memória, as capacidades cognitivas e de linguagem, como também o comportamento do indivíduo. É uma doença que, por muito tempo, age de modo silencioso, atingindo o cérebro do paciente. No entanto, é muito importante achar meios de prevenir a doença e tratar o cérebro antes de se tomar consciência desse problema.

    Segundo os dados da Alzheimer’s Association (2018), dos casos de demências, 60 a 80% são do tipo Alzheimer. Afirma-se também que as primeiras células a sofrem alterações são as do Hipocampo, que é a parte do cérebro responsável pela aprendizagem e memória. É o local principal que armazena a memória temporária e é essencial à memória a longo prazo. Por esse motivo, a perda de memória é o sintoma primordial da doença.

    • REAÇÕES NO CÉREBRO COM ATIVIDADE FÍSICA

    Ainda não existe uma cura para a Doença de Alzheimer, mas seu tratamento pode proporcionar uma melhor qualidade e também um prolongamento de vida às pessoas com essa doença. O principal objetivo do tratamento da doença de Alzheimer é amenizar os sintomas e estabilizar ou retardar o progresso da mesma, proporcionando maior independência e autonomia funcional ao indivíduo. Muitos medicamentos são utilizados na tentativa de amenizar o ritmo dos danos cerebrais que são causados pela doença de Alzheimer, muitos deles, ajudam temporariamente, mas uma das melhores formas de prevenir essa doença é tendo um estilo de vida saudável, onde o exercício físico tem se mostrado como uma forma eficaz de diminuir a incidência destes casos.

    O desempenho cognitivo pode sofrer várias alterações com a interferência do exercício físico, pois há um aumento dos neurotransmissores, causando uma melhoria na cognição de indivíduos com prejuízo mental. (ANTUNES et. al., 2006).
    A atividade física não é a única forma de prevenção, mas na medicina preventiva ela é uma das mais eficientes. Para Shimoda et. al. (2007), a atividade física não substitui o tratamento farmacológico, mas pode intervir e prevenir avanço de algumas doenças, como doenças cardíacas, hipertensão, diabetes e doenças crônico-degenerativas, atuando como um fator importante na prevenção de demências e da Doença de Alzheimer. O tratamento é realizado com o uso de medicamentos que estabilizam a doença e tragam um pouco mais de conforto e alívio aos indivíduos.
    Estudos do Instituto Acesso de Ensino e Pesquisa (2018), afirmam que com a prática da atividade física, acontece um aumento da produção de um mensageiro químico chamado de BDNF (Fator Neurotrófico derivado do cérebro).

    O corpo libera essa proteína e suas concentrações positivas promovem a sobrevivência e o crescimento de novos neurônios no nosso cérebro, ou seja, novas células nervosas e está relacionada ao aprendizado. O nosso cérebro aumenta de volume com o exercício físico. A atividade física libera outros mensageiros químicos, conhecidos como a química da alegria, que é a liberação da serotonina, dopamina e das endorfinas, que também são neurotransmissores relacionados diretamente às sensações de bem-estar e prazer e ajudam a melhorar o nosso estado cognitivo. Esse processo proporciona uma estabilização afetiva, onde a capacidade de raciocínio rápido é melhorada. O exercício físico pode ser considerado muito eficiente no tratamento da depressão, causando uma estabilidade no âmbito afetivo com a redução da ansiedade e do estresse.

    • CONSIDERAÇÕES FINAIS

    A literatura estudada mostra que quando se pratica regularmente uma atividade física, surgem muitos benefícios em indivíduos com a doença de Alzheimer, sendo eles de ordem motora, cognitiva, emocional e social. A atividade física é um fator de preservação e proteção à saúde.


    Além de todos os benefícios que a atividade física pode trazer para o funcionamento do nosso corpo, ela também interfere na saúde mental, pois prevenindo os transtornos da mente, o indivíduo passa a ter menor índice de depressão e ansiedade, isso proporciona uma melhor qualidade de vida, favorecendo um grande progresso no convívio social, pois as funções cognitivas estarão melhores e consequentemente há um aumento da autoestima. Ela também pode controlar o avanço da doença de Alzheimer, trazendo grandes benefícios à saúde dos indivíduos com essa doença, estando sempre ligada à melhora do humor.


    O aparecimento de uma série de distúrbios crônico-degenerativos dá-se ao comportamento relacionado ao sedentarismo. Assim, qualquer atividade física que seja desenvolvida, nos aproxima da grande possibilidade de potencializar a melhora do nosso bem-estar, favorecendo progressos com a saúde mental. Um corpo saudável, consequentemente nos trará uma mente saudável.


    REFERÊNCIAS
    ABREU, I. D. et. al. Demência de Alzheimer: correlação entre memória e autonomia. Revista de Psiquiatria Clínica, vol. 32, n. 3, p. 131-136, 2005.
    ALZHEIMER ‘S ASSOCIATION. What Is Dementia? 2018, acesso em 19/09/2018, disponível em: ‹https://www.alz.org/alzheimers-dementia/what-is-dementia›.
    ANTUNES, H. K. M. et. al. Exercício físico e função cognitiva: uma revisão. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 12, n. 2, p. 108-114, 2006.
    APRAHAMIAN, I. et. al. Doença de Alzheimer: revisão da epidemiologia e diagnóstico. Revista Brasileira de Clínica Médica, [s.n], n.7, p. 27-35, 2009.
    CASPERSEN, C. J. et. al. Physical activity, exercise, and physical fitness: definitions and distinction for health- related research. Public health Reports. Rockville, v. 100. n.2, p.126-131, 1985.
    DELLA FONTE, S. S.; LOUREIRO, R. A ideologia da saúde e a educação física. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Rio de Janeiro, v. 18, n. 2, p. 301-311, 2007.
    FRANCHI, K. M. B.; JUNIOR, R. M. M. Atividade física: uma necessidade para a boa saúde na terceira idade. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, vol. 18, n. 3, p. 152-156, 2005.
    GONÇALVES, S.; OUTEIRO, T. F. A disfunção cognitiva nas doenças neurodegenerativas. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano, v. 12, n. 3, p. 256–267, 2016.
    GUEDES, D. P. et. al. Aptidão física relacionada à saúde de escolares: programa fitnessgram. Rev. Bras. Med. Esporte. v. 18, n. 2, p. 72-76, 2012.
    GUIMARÃES, C. H. S. et. al. Demência e a Doença de Alzheimer no processo de envelhecimento: Fisiopatologia e Abordagem Terapêutica. Revista Saúde em Foco – Edição n.10, p.942-955, 2018.
    INSTITUTO ACESSO DE ENSINO E PESQUISA. Cérebro e o Exercício. 2018, acesso em 17/03/2019, disponível em: ‹ https://www.institutoacesso.org.br/2018/03/16/›.
    NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 4 ed. Rev. atual.- Londrina: Midiograf, 2006.
    PINHO, L. F. Demência: A marcha diagnóstica no âmbito dos cuidados de Saúde Primários. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Ciências da Saúde – Universidade da Barra Interior, Portugal, 2008.
    SILVA, W. A. et. al. Exercícios físicos e o envelhecimento: Revisão de literatura. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 09, Vol. 03, pp. 119-130, 2020.
    SHIMODA, M. Y. et. al. (org). O exercício e a Doença de Alzheimer. Centro de Estudos de Fisiologia do Exercício. Champaing, Il: Human Kinetcs, n.2, p.311-319, 2007.
    [1] Especialista em Educação Física Escolar: Práticas do Ensino pela UNINTER – Centro Universitário Internacional e Licenciada e Bacharel em Educação Física pela UNIGRAN – Centro Universitário da Grande Dourados-MS.
    Enviado: Fevereiro, 2021.
    Aprovado: Março, 2021.

    Elaine Maria de Lima
    Especialista em Educação Física Escolar: Práticas do Ensino pela UNINTER – Centro Universitário Internacional e Licenciada e Bacharel em Educação Física pela UNIGRAN – Centro Universitário da Grande Dourados-MS.

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